domingo, agosto 19, 2007

DECLARAÇÃO DE PRINCÍPIOS DA AIDSS

Introdução

Existe, hoje, a convicção clara que atravessámos um período de crise antropológica global: crise do conhecimento, espelhada numa crise social, disseminada pelos indivíduos enquanto sujeitos e ou actores sociais.
A autonomia das forças económicas (do mercado) limitou a acção do estado moderno, dinamitando-o enquanto força reguladora garantistica e securizante, porque o pôs em causa enquanto estado de direito democrático, nas suas instituições mediadoras entre o interesse colectivo individual em simultâneo pondo em crise o estado previdência e de bem estar social.
Concomitantemente, com o fim das grandes representações colectivas, ou ditas metanarrativada modernidade, como por exemplo marxismo, liberalismo, social-democracia, o socialismo utópico, etc., e também com as mutações ao nível do conhecimento cientifico numa passagem que se adivinha das estruturas disciplinares ou híbridas para uma estrutura aberta e transdisciplinar.
Por ultimo, tudo isto resulta num desacreditar das estruturas e movimentos representativos do social, nomeadamente os partidos políticos e os sindicatos, deixando os sujeitos cada vez mais os buscadores das respostas ás escolhas entre o mercado (global) e o fundamentalismo comunitário(ideológico ou religioso) um sujeito em busca de ser um actor de direitos
Neste contexto, a A.I.D.S.S. pensa ser chegado o momento de expor algumas linhas fundamentais relativamente ao posicionamento do serviço Social na sociedade e da A.I.D.S.S. perante ambos:

I – Quanto ao Serviço Social

1. «Back to the Basics», ou seja, num período de mudança conturbada onde aparentemente nos aparecem difusos os fundamentos, as noções e a acção valorativa, quer individual, quer duma profissão e disciplina científica, é necessário recuperar a sua história do que unitário. Pela sucessão de figuras atitudes, vínculos culturais que assumem um fio condutor em progresso e permitem aceder á essência do serviço social:
a) – O sentido histórico é o processo de ajuda ao outro, em transformação, que o Serviço Social assumiu como interesse profissional para com os seres humanos, o seu desenvolvimento pleno e apresenta características universais apesar das especifícidades locais;









b) O caracter valorativo é o sentido de serviço ao outro como ser humano, pela sua dignidade como pessoa humana.

2- Este retorno ao básico deve servir como estimulo e força para a reformulação paradigmática, e por um novo sentido da práxis:
a) – O Serviço Social deve inserir-se no quadro de debate epistemológico sobre o conhecimento, particularmente sobre o conhecimento cientifico, nomeadamente nos novos contextos transdisciplinares de partilha, de teorias de métodos e técnicas entre as clássicas distinções do natural e do social, ao mesmo tempo que deve desenvolver uma nova retórica de desdogmatização, síntese, abertura conjugada com o rigor.
b) Deve redefinir a sua práxis em função de dois eixos de intervenção:
ü Requalificação humana e social. É necessário requalificar o(s) sujeito(s) enquanto indivíduos, grupos comunidades colectividades e instituições, pela reconstrução dos sentidos de pertença e de essência, pela restauração da sua dignidade. Religá-los ao mundo das transferências e transformações global e fragmentado, é a grande tarefa, o grande desfio posto aos profissionais do Serviço Social.
ü Intervenção Edificante. Para oferecer sentido, requalificar e dignificar os contextos vivências individuais e colectivas, devemos indexar ás características cientifico-técnicas da acção, característica valorativas, culturais e simbólicas das humanidades; aportando para a práxis tudo o que possa trazer sentido a vivência destes sujeitos, mais da vezes novos excluídos e não actores, nomeadamente, através da junção entre metodologias tradicionais e novas metodologias, provenientes de sínteses como exemplo, arte e terapia, ciência e filosofia, tradições e saberes da modernidade, sem aprioris hierarquias e preconceitos.
3- Reforçar os mecanismos de ligações entre entidades formativas (académicas), entidades de promoção cientifica e cultural, de defesa profissional e sindical e ainda coma as instituições públicas e privadas onde se concentra a prática do Assistente Social, deforma a instituir-se mecanismos de avaliação das formações, das necessidades dos contextos reais da intervenção, da medição dos resultados qualitativos e







quantitativos da intervenção institucional e da planificação e aplicação das políticas sociais.
Formar um observatório que permita: mapear o Serviço Social em números concretos relativamente á acção, á investigação e á formação e ás características qualificantes dos mesmos.
Permitir a mudança harmonizada das intervenções, introdução de «curricula» mínimos na formação e não confusão de papeis entre as diversas entidades.
Resultando num melhor intervenção na sociedade portuguesa pelo Serviço Social enquanto actividade cientifico e cultural valorativa que permite um desenvolvimento mais harmonioso dos contextos relacionais e sociais

II – Quanto á A.I.D.S.S.

Após 10 anos de existência, onde a A.I.D.S.S. diversificou as suas actividades no seio do Serviço Social e da sociedade portuguesa, constituindo-se nos planos do debate, da formação e editorial como instância de renovação de concepções em vigor sente a necessidade de reentrar-se em três sectores essenciais:
1) Promoção e desenvolvimento do debate cientifico no seu seio.
2) Promoção e desenvolvimento das competências e cultura profissionais do Assistente Social
3) Desenvolvimento de um forte sector editorial no campo do Serviço Social em especifico e do trabalho social em termos globais.


Tal recentramento resulta da necessidade de acompanhar a evolução da dinâmica social com a consciência de que não há, nem é tempo de respostas definitivas.
É tempo, sim, de compilar todo o trabalho desenvolvido, experiência adquirida e reflexão efectuada de molde a possibilitar a projecção futura do Serviço Social em função dos novos paradigmas sociais, culturais e científicos que se encontram em fase embrionária.
Há um novo mundo que desponta e é nossa intenção contribuir para que o Serviço Social se prepare para ele.

1 comentário:

Anónimo disse...

Princios aonde??????